O governo quer aprovar a reforma da Previdência com urgência, e para isso, vai abrir diálogo nos próximos dias com os dois principais segmentos religiosos do país: os evangélicos e os católicos. Ambos grupos são contrários às propostas de reforma da Previdência.
Os dois grupos que compõem quase 80% das pessoas que possuem alguma crença, realizam campanhas contra as mudanças na aposentadoria expostas pelo presidente Michel Temer. “Nós somos cobrados diariamente pelos nossos fiéis. As propostas que estão aí afetam muito os mais pobres”, alertou o deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF), integrante da bancada evangélica no Planalto.
Segundo o Diário de Pernambuco, na última quinta-feira (06), Temer reuniu-se com alguns parlamentares evangélicos quando recebeu uma pauta de demandas do grupo. Ele marcou um café da manhã para a próxima semana com um quórum mais ampliado. “Não nos falou nada sobre a Previdência. Mas, se ele tocar no assunto, vamos expor nossa opinião”, completou Fonseca.
O parlamentar de Brasília disse que não há como fugir da cobrança dos fiéis mais carentes, que estão se sentindo ameaçados e serão diretamente prejudicados pelas propostas do governo. “As classes C, D e E, que são a maioria de nosso público, também são as mais afetadas. São aquelas pessoas que não têm renda extra, não têm um imóvel alugado e precisam da aposentadoria para ter uma velhice mais tranquila”, completou o deputado do Pros.
A bancada evangélica reúne mais de 90 parlamentares. Em uma votação que necessita de uma quantidade elevada de votos para ser aprovada (no mínimo 308 votos) um grupamento do tamanho dos evangélicos não pode ser ignorado. “Somos base do governo Temer. Mas não podemos votar nessa matéria por votar”, declarou o deputado do Pros.
Os católicos também representam uma ameaça às mudanças na Previdência propostas pelo governo. No fim de março, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou uma dura nota posicionando-se contra a reforma.
“Os números do governo federal que apresentam um déficit previdenciário são diversos dos números apresentados por outras instituições, inclusive ligadas ao próprio governo. Não é possível encaminhar solução de assunto tão complexo com informações inseguras, desencontradas e contraditórias. Iniciativas que visem ao conhecimento dessa realidade devem ser valorizadas e adotadas, particularmente pelo Congresso Nacional, com o total envolvimento da sociedade”, declararam os bispos no comunicado.
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