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Na Costa Rica, candidato conservador vai ao segundo turno por não apoiar casamento gay
Política
Publicado em 06/02/2018

A ascensão do conservadorismo parece ser inegável nas Américas. Após a vitória de Donald Trump nos EUA, ficou evidente que as tentativas de manipulação da mídia dão cada vez menos resultados em tempos de rede social.

O candidato Fabricio Alvarado, do novo Partido de Renovação Nacional (PRN), é um jornalista de carreira consagrada e também cantor gospel. Ele era o único deputado federal do PRN e tinha cerca de 3% das intenções de voto para presidente nas pesquisas até duas semanas atrás. Eram 13 candidatos, incluindo os representantes dos dois partidos que se alternaram no poder no último século.

Ao longo de toda a campanha foi chamado de “radical”, “extrema direita”, “homofóbico” e outros adjetivos similares, na tentativa de associar a ele uma imagem negativa. O motivo foi sua postura abertamente evangélica, sem ceder ao discurso politicamente correto e se manter firme na oposição à legalização do casamento gay e do aborto, proposto pelo Partido da Ação Cidadã (PAC) que atualmente ocupa o poder no país.

Essa é uma das promessas de Carlos Alvarado, ex-ministro do Trabalho e candidato da situação. Mas parece que toda a campanha midiática deu errado.

O primeiro turno da eleição foi neste domingo (4) e abertas quase a totalidade das urnas, o deputado evangélico teve 24,78% dos votos, contra 21,74% do ex-ministro governista.

Para os debates do segundo turno, o mesmo sobrenome é a única coisa que os dois têm em comum. Os costa-riquenhos voltam às urnas em no dia 1º de abril e analistas acreditam que será um verdadeiro referendo no país, para mostrar se querem ou não, abraçar o liberalismo ideológico.

Fabricio Alvarado, 43 anos, poderá ser o primeiro presidente evangélico da história do país e surge como favorito apesar da maciça campanha contrária a ele promovida pela mídia. Guardadas as proporções, seu caso se assemelha ao de Trump, uma vez que os institutos de pesquisa não reconheciam sua popularidade, que revelava o pensamento conservador da maioria dos costa-riquenhos.

A grande questão dessa eleição foi o reconhecimento (ou não) do casamento gay, mas essa não é única proposta de Fabrício. Seu lema de campanha foi a defesa da família e a promoção de “princípios e valores” como base da sociedade, mas também falava sobre o combate à corrupção.

“Sem dúvidas, a religião ajudou a impulsionar Fabricio Alvarado e isto se acentuou com veemência a partir da resolução da Corte”, afirmou às agências o analista político Jorge Vega.

Ele se refere à decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos (IDH), que, em janeiro, que requereu dos seus países signatários da entidade – incluindo o Brasil – que reconheçam o casamento gay e direitos plenos aos casais de pessoas do mesmo sexo. Também recomendou que seja permitida a mudança de identidade sexual nos registros civis e a garantia da livre propagação da “ideologia de gênero”.

Com uma população de cerca de 30% de evangélicos, Fabrício teve o apoio de muitos líderes católicos que entenderam a necessidade de união por uma “causa comum”. Gerando assim o que os analistas chamam de “choque religioso” na campanha, que parece ter despertado a sociedade para uma ameaça até então silenciosa, presente nos programas educacionais do país, através de material escolar com ampla defesa de valores anticristãos.

Quando os resultados extra-oficiais foram divulgados, no seu primeiro pronunciamento Fabricio Alvarado disse que “antes de tudo, quero agradecer a Deus”. Afirmou ainda que “A Costa Rica não quer mais do mesmo. Esta é a resposta das pessoas que ficaram muito tempo em silêncio”.

Em seus discursos vinha dizendo que “esta não é uma campanha política, mas um movimento do povo”. Para ele, o voto dos conservadores cristãos é “um grito em prol dos valores, um grito de esperança em um futuro”.

Com informações Evangelical Focus

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