Não é de hoje que o mercado gospel vem se firmando como um dos mais rentáveis e movimentadores da economia brasileira. Distante do cenário do século 17, quando os primeiros protestantes chegaram ao Brasil e enfrentaram toda sorte de resistência religiosa, os últimos cem anos vêm sendo um marco na consolidação de uma leitura do evangelho alternativa ao que postularam nossos colonizadores católicos. Com esta revolução da fé, diversos meios de comunicação se abriram e absorveram a cultura gospel que se manifesta na música, na literatura, no audiovisual e num segmento de produtos licenciados que tem crescido e movimenta bilhões de reais no Brasil. A explosão de bandas, cantores, pregadores, ícones e marcas está registrada para as gerações futuras em milhões de títulos; que podiam ser adquiridos primeiro em LP, depois em K7, mais recentemente em CDs, DVDs e Blue Ray e a partir de agora na inédita plataforma on demand de conteúdo 100% gospel. Desde março, o Brasil tem a Holyflix, “o descanso para o seu controle remoto”.
A idéia da plataforma nasceu, segundo seus idealizadores, da necessidade de se levar o evangelho a todo canto e de todas as formas. Eles se basearam principalmente no sucesso e penetração que a música gospel vem tendo no chamado “mundo secular”, o que acontece nos dias de hoje sem nenhum preconceito ou impedimento. O nome é livremente inspirado na gigante Netflix que conta hoje com cerca de 75 milhões de assinantes ao redor do mundo, com entrada em 191 países. O momento atual, que marca o declínio do DVD a exemplo do que aconteceu com o CD e o VHS há alguns anos, dá o tom da expectativa de sucesso que se espera com a inédita iniciativa.
Além de conteúdo musical, a Holyflix já disponibiliza mais de 300 títulos em filmes de curta, media e longa metragens, documentários, desenhos animados, shows, clipes, e vídeos de mensagens (pregações) nacionais e internacionais. Sucessos como “Metanóia” e “Megido”, e outros do gênero que fazem sucesso até mesmo entre públicos de todas as confissões de fé, integram o portfólio já disponibilizado pela plataforma.
Nos primeiros trinta dias após seu lançamento, o empreendimento vem registrando adesão de assinantes não apenas no mercado nacional como também de brasileiros que residem no exterior, e contam com a comodidade da internet para manter este vínculo de fé e identidade com o Brasil; além de acessos oriundos de países lusófonos como Portugal, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Timor Leste e São Tomé e Príncipe. Para oferecer diversidade de conteúdo aos assinantes, os sócios Moisés Nascimento, Ricardo Ribeiro, Adriana Tozzi e Larissa Menezes investiram na parceria com os grandes do mercado. Estão lá nomes consagrados do meio, como Europa Filmes, BV Films, COMEV, 4U Films, Max Lucado, John Bevere, Philip Murdoch, Pr. Silmar Coelho, Chris Duran, dentre outros; e ainda as séries The Record Keeper, de sucesso internacional e “Fora da Caixa”, produção nacional, ambas com exclusividade na Holyflix. Além do conteúdo já catalogado, a plataforma produzirá também conteúdo próprio, oferecendo constante diversificação de temas disponíveis também em aplicativos Android e IOS.
Segundo pesquisa da ESPM recentemente divulgada no programa “Mundo SA”, do canal a cabo Globo News, o chamado "mercado da fé" é gigante, havendo uma grande dificuldade pra mensurá-lo. Ainda segundo o levantamento, em números gerais de 2015, se juntarmos todo o mercado religioso (todas as principais religiões) com a arrecadação das igrejas, o valor movimentado chega a 50 bilhões de reais. O que não tem sido ignorado nem mesmo por grandes marcas, como Sony e Som Livre, esta o tradicional braço fonográfico do Sistema Globo de Comunicação e que já está no foco da Holyflix; em fase de conversação, para integrar-se a este empreendimento promissor, onde ao que parece o céu é o limite.
por Mauricio Ribeiro
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