A proposta de legalização do aborto vinha sendo debatida há meses na Argentina. Movimentos cristãos fizeram passeatas e campanhas de oração pedindo que os deputados rejeitassem a medida. O presidente Maurício Macri bancou o “isentão” e deu declarações dúbias, afirmando que era “a favor da vida, mas também dos debates maduros”.
A pauta foi votada pela Câmara dos Deputados nesta madrugada. A sessão dos parlamentares durou quase 22 horas. Foram 129 votos a favor, 125 contra e uma abstenção. Agora, o Projeto de Lei da Interrupção Voluntária da Gravidez seguirá para o Senado, onde deve ser votado dentro de dois meses para posterior sanção presidencial. A expectativa é que a decisão se mantenha.
A margem apertada, com apenas 4 votos de diferença, evidencia a divisão do país sobre ao assunto. De maioria católica, a Argentina parece seguir os passos da Irlanda, que também legalizou o aborto este ano.
Com faixas em favor da legalização e repetindo o lema que se trata de uma questão de “saúde pública”, as militantes da “Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto Legal, Gratuito e Seguro” usavam os lenços verdes que caracteriza o movimento.
A comemoração delas após a aprovação foi barulhenta. A deputada Silvia Lospennato, última oradora a favor do projeto, afirmou em meio a lágrimas que: “Este é o século dos direitos das mulheres. Mais cedo ou mais tarde, as jovens que portam os lenços verdes vão conquistar o que reivindicam. Unidas em nossas diferenças, que o aborto seja lei”.
Na semana passada ocorreu em Buenos Aires uma “caminhada pela vida”, que reuniu cerca de 100 mil pessoas e contou com a participação de líderes da Igreja católica, lideranças evangélicas assim como de judeus.
A luta continua
Várias lideres evangélicos argentinos estão pedindo que a Igreja se uma em oração para que a decisão dos deputados seja revertida no Senado. Muitos estão usando a hashtag #ArgentinaQuiereVida e denunciando os nomes dos parlamentares que votaram a favor, pedindo que os cristãos não os reelejam nas próximas eleições.
A ativista evangélica pró-Vida Ana Valoy, líder do Movimiento Afianzando Valores convocou os cristãos para que continuem orando. “Não nos demos por vencidos! Esta batalha não se dará no Senado, mas sim nas escolas, nas praças, nas universidades, nas cidades, nos bares, nas Igrejas… e em todo o país. Não vamos ficar de braços cruzados, nem permitiremos que matem os nossos filhos. A luta continua”, afirmou.
O projeto de lei agora aprovado legaliza o aborto livre até a 14ª semana de gestação. Atualmente, a interrupção da gravidez só era permitida em caso de estupro ou risco para a vida da mulher.
Na América Latina, o aborto sem restrições é legal tanto em Cuba quanto no Uruguai. Também é permitido na Cidade do México.
Fonte: Gospel Prime