A cidade de Atlantic City, nos Estados Unidos, é conhecida por seus muitos cassinos e clubes de strip-tease, onde mulheres tiram a roupa em troca de dinheiro. Na tentativa de mostrar que elas são merecedoras do amor de Deus e não apenas da condenação por seu estilo de vida, o ministério Love’s Way Out [Amor liberta, em tradução livre] visita esses locais para pregar o Evangelho.
Uma vez por mês as missionárias levam cupcakes e procuram mostrar “a compaixão de Jesus” pelas pecadoras. Lideradas por Cissy McNickle e seu marido, Buff, pastores da Igreja Batista de Grace Falls, elas procuram tratar cada dançarina com cordialidade, tentando criar laços de amizade. Mesmo sabendo que muitas se prostituem, o foco é tentar falar sobre a maneira como Deus nos vê.
Quantas você salvou?
Cissy diz que geralmente as pessoas lhe perguntam: “Quantas strippers você salvou?”. Sua resposta padrão é: “Eu não posso salvar ninguém. Posso começar demonstrando amor e levando cupcakes para que elas saibam como são amadas por Deus”.
Pode não parecer muito, mas o objetivo declarado do Love’s Way Out é “complexo”. Conforme explica Morgan, uma das voluntárias, é preciso ser paciente. “Conseguir que os clubes nos deixem entrar nos camarins e falar com as meninas é algo grande para nós. Só ocorreu depois de muito esforço da Cissy”, explicou a missionária, ressaltando que hoje elas ganharam a confiança das strippers.
“Realmente sentimos que Deus tem um caminho mais seguro e mais saudável para essas mulheres”, ressalta Cissy. A pastora ressalta a importância de mostrar às dançarinas que o ministério está orando por elas. “Eu amo muito essas mulheres, e quero que elas saibam que são amadas. Falar sobre minha fé vem depois”, explica.
Isso não significa que ela não vê a prática de tirar a roupa por dinheiro como pecado, mas esse não é o principal problema. “Sei que muitas são viciadas em drogas ou em álcool e precisam disso para subir no palco”, admite.
Raven, outra voluntária, lembra que algumas vezes elas não conseguem chegar até as strippers e que elas não se apresentam como missionárias. “Há pessoas que têm muito medo dos cristãos”, acredita.
A pastora complementa: “É exatamente por causa idsso que eu nunca me apresento dizendo, ‘sou batista’. As pessoas geralmente já têm uma ideia pré-concebida sobre isso”, ressalta Cissy.
Vinde a mim
Pat, uma das voluntárias mais velhas, lembra que, no início, não queria fazer parte do ministério pois não entendia qual o propósito do Love’s Way Out. Preferia ficar orando pelas que entravam nos clubes, mas quando começou a conhecer pessoalmente as strippers, mudou de ideia. “Fiquei chocada, elas são tão jovens, tudo aquilo me afetava muito”, assevera.
A pastora Cissy acredita no que está fazendo. “Não é suficiente a igreja dizer: ‘O que você está fazendo é errado’. O que precisamos dizer é: ‘Deixe-nos te ajudar a fazer parte da sociedade novamente’. Nosso ministério se tornará obsoleto, a menos que entendamos a realidade.”
A maior dificuldade para que uma stripper mude de vida são os altos rendimentos com sua profissão, muito acima do que ganhariam com um trabalho comum. “Eu honestamente ainda não fui capaz de resolver isso”, confessa Cissy.
Além de distribuir cupcakes, o ministério usa versículos nas caixas, como “Bem-aventurada a que creu” (Lucas 1:45) ou “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mateus 11:28) em cartões que acompanham outros presentinhos que elas deixam nos camarins.
Morgan fala sobre sua motivação para se envolver com o ministério: “Jesus ia a lugares que fariam ‘boas moças cristãs’ sentirem-se desconfortáveis. Ele foi julgado por isso – mas ia a esses lugares porque ali estavam os necessitados”. Após um tempo envolvida nesse trabalho, sua visão de algumas coisas mudou. “Jesus é muito maior que os ‘valores tradicionais cristãos”, avalia.
A pastora faz a ressalva que ela é conservadora, mas que procura se afastar de rótulos e não se identifica com cristãos que carregam cartazes dizendo o quanto os outros são pecadores. Sua oração antes de entrar nas casas noturnas é sempre: “O Senhor conhece elas, sabe seus nomes e a situação de cada uma. O Senhor as ama e se importa com elas, nos dê ânimo [para ministrar]”.
Fonte: Gospel Prime com informações The Guardian