Nenhum brasileiro vendeu tantos livros no país na última década quanto o psiquiatra Augusto Cury. Foram impressionantes 28 milhões de exemplares, em best-sellers como Armadilhas da Mente e Você é Insubstituível. Ansiedade figura há 141 semanas consecutivas na lista de mais vendidos de autoajuda e esoterismo publicada semanalmente por VEJA.
Nos próximos dias, chega às livrarias O Homem Mais Inteligente da História. “Ele me disse que é sua obra-prima”, diz Marcos Pereira, um dos criadores da editora Sextante, pelo qual o título de 272 páginas sai com tiragem inicial de 100 000 exemplares, muito expressiva para o mercado nacional, no qual é um feito dar a largada com apenas 3000 volumes. “Esse é o livro que sai mais da minha essência”, afirmou o escritor.
O Homem narra uma mesa-redonda com teólogos de Harvard, do Vaticano e cientistas na qual é discutida a capacidade intelectual de Jesus. O debate inclui uma série de conceitos motivacionais explorados nos livros não ficcionais do autor. O ponto de partida é uma reunião da Organização das Nações Unidas, na qual um psiquiatra chamado Marco Polo instiga chefes de Estado a falar sobre o “planeta emoção”, em um caldeamento de problemas tão distintos quanto bullying, ditadura da beleza e autocobrança excessiva no trabalho. E depois se propõe a desvendar a capacidade intelectual de Cristo.
Maria “empreendedora”
No prefácio, Cury diz: “Esperava, ao estudar a personalidade de Jesus, encontrar uma inteligência comum, pouco criativa, pouco analítica, pouco instigante, sem gestão da emoção, ou então um ‘herói’ mal construído por galileus. Entretanto, fiquei perplexo.”
Maria é retratada como uma mulher empoderada. “Imagine que essa jovem, com 15 ou 16 anos, recebeu um extraterrestre no quarto, que disse que ela engravidaria do autor da existência. Quem teria coragem de aceitar esse projeto? Ela é o protótipo da mulher ousadíssima e empreendedora, que é capaz de lutar pelos seus sonhos”, contou Cury a VEJA. Em um trecho do décimo capítulo, o cientista Marco Polo pondera, incrédulo: “Para a medicina, Jesus precisaria ter 23 cromossomos de um espermatozoide e 23 cromossomos de um óvulo. Assim seria formado um ovo, que se multiplicaria rapidamente (…) A equação biológica de Jesus não fecha”.
E a pecha de autoajuda, incomoda? Um resumo do que diz Cury:
“Não gosto muito quando esse termo significa frases feitas e conselhos superficiais. Meus livros são de aplicação psicológica. E se essa aplicação psicológica leva as pessoas a terem autonomia, como Paulo Freire preconizava, isso é saudável. Você vai desenvolver ferramentas para ser autor de sua própria história, não ser escravo de pensamentos perturbadores, não sofrer por antecipação e não ruminar mágoas do passado. A emoção não deveria ser hipersensível. Uma pessoa sensível se preocupa com a dor do outro. Uma pessoa hipersensível vive a dor do outro. Uma pessoa sensível se preocupa com o amanhã para desenvolver atitudes inteligentes. Uma pessoa hipersensível vive o futuro e infecta o presente. A emoção precisa ser gerida pelo eu. Ela precisa de um choque de lucidez, senão, metaforicamente, é como se ela tivesse um cartão de crédito limitado. Um olhar atravessado estraga o dia, uma crítica estraga a semana, uma traição estraga a vida.”
Nos cinemas
Em 8 de dezembro, deve chegar aos cinemas O Vendedor de Sonhos, primeiro longa baseado em um best-seller de Cury, que atuou na elaboração do roteiro. Na história, um mendigo (o uruguaio Cesar Troncoso) salva do suicídio um psicólogo desencantado com o mundo (Dan Stulbach) e entre os dois surge uma amizade inspiradora. “Achei que o Cesar, mesmo com o sotaque portunhol, daria muita credibilidade”, diz o diretor Jayme Monjardim, que define o livro como “uma obra profunda”.
Monjardim e Cury viajaram juntos no último mês para Israel, onde conheceram lugares sagrados. Cury deseja adaptar O Homem Mais Inteligente da História como longa-metragem ou série em inglês. “Aproveitei para pesquisar locações”, diz. Para o papel do cientista Marco Polo seria convidado Jim Carrey. “Não seria uma conversa do zero”, diz ele.
fonte O Globo
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